Olá!
Bem-vindo ao canal TheAsaGames! Eu sou o Asa e hoje vou falar um pouco do
primeiro DLC lançado para Batman: Arkham
Knight, que se chama A Matter of
Family, e que foi lançado agora em julho para PS4 e Xbox One, e sairá em
breve também para PC. Ele é muito menos ambicioso do que qualquer jogo completo
da série, como seria de se esperar, mas, em grande medida, ele consegue acertar
alguns elementos muito interessantes que o jogo principal não consegue.
Antes
da gente começar, se você ainda não sabe a minha opinião sobre Arkham Knight, eu recomendo assistir ao
meu vídeo sobre o assunto, para poder entender de onde eu estou partindo ao
analisar esse DLC. O endereço para a análise está na descrição.
Aliás, aproveitando a
deixa, essa análise levantou uma série de problemas de um jogo muito aclamado,
e eu queria agradecer a todos que assistiram e dizer que eu estou muito
orgulhoso e feliz por ter conseguido discutir tudo que eu queria sem nenhuma
agressão ou animosidade. Muito obrigado mesmo!
Bom, no geral, Arkham Knight pode ser considerado um
jogo cheio de DLCs desde o início, e esses DLCs variam desde skins até pequenas campanhas, que, antes
mesmo do lançamento, já eram anunciados como bônus de pré-venda, ou
exclusividade de certa plataforma ou de certa loja.
Entretanto, esses DLCs
do lançamento eram muito limitados. Principalmente as pequenas campanhas do
Capuz Vermelho e da Arlequina eram muito rápidos e acrescentavam muito pouco em
relação aos personagens e às mecânicas. Entretanto, já desde antes do lançamento,
a Warner Bros. já anunciava com orgulho um DLC mais extenso que permitiria ao
jogador controlar a Batgirl, e que se chamaria A Matter of Family.
Essa era uma
oportunidade muito interessante, porque ela é um personagem que estava presente
em vários jogos da série, mas desempenhando outro papel e, além disso, quem
assistia à série animada lá nos anos 90 vai lembrar que ela era um personagem
bem interessante e divertido, que interagia de uma forma nova com o universo do
Batman. Aliás, fazendo um breve parêntese aqui, uma coisa que essa série
animada fez muito bem foi dar bastante charme às personagens femininas do
universo do Batman, como a Batgirl e a Arlequina.
Agora, a verdade é que
grande parte desse charme da personagem não conseguiu ser transportado para o
DLC. No geral, a Batgirl se comporta como um Batman um pouco mais fraco
fisicamente e com menos opções de gadgets,
o que é sempre um problema – afinal, é sempre um tanto decepcionante vir de um
personagem cheio de ferramentas para outro que é mais limitado.
Além desses problemas,
o que diferencia a Batgirl do Batman é a sua habilidade de hackear coisas à
distância e, assim, poder ganhar algumas vantagens sobre os inimigos, como
fazê-los ir para certo lugar, ou então diminuir a visão deles, ou até mesmo
bloquear o seu caminho.
Essa habilidade única é
realmente algo a se elogiar, mas não diferencia tanto assim a Batgirl do
Batman, até porque o próprio Batman já está acostumado a hackear coisas e, em Arkham Knight, é bem comum usar gadgets para atrair inimigos ou limitar
a visão deles. No DLC, essas habilidades são mais uma recontextualização do que
propriamente adições.
Em grande medida,
hackear está no mesmo nível que as mecânicas únicas dos outros personagens de
DLC: a Arquelina tinha a fúria, que permitia matar vários inimigos com um só
golpe, e o Capuz Vermelho podia matar inimigos com balas, o que agilizava o
combate. De qualquer forma, são só modificações bem pequenas das mecânicas
básicas.
Em termos de
jogabilidade, então, o DLC da Batgirl não se destaca muito do jogo principal, o
que é decepcionante, mas não de todo inesperado para um DLC. O que realmente me
deixou mais decepcionado foi a construção de alguns personagens do jogo.
Durante a história, a Batgirl interage muito com o Robin, e eles têm sempre um
tom de estranheza no diálogo, em grande medida porque o jogo quer retomar a
ideia de que eles têm um romance, como aparece em Arkham Knight.
No momento em que a
história de A Matter of Family se
passa, eles ainda não têm nada sério, mas é bem claro que o Robin está
apaixonado pela Batgirl e, durante a campanha toda, ele é extremamente
inconveniente nos comentários. A trama principal desse DLC é que o Coringa e a
Arlequina sequestraram alguns policiais e o próprio comissário, ou seja, o pai
da Batgirl.
Nesse contexto, ela
está muito focada no resgate do próprio pai e o Robin fica tentando ganhar
atenção e protegê-la de um jeito muito estranho. Em grande medida, qualquer
pessoa apaixonada até pode ter alguma empatia pela situação do Robin, mas o
fato é que ele é tão inconveniente que o jogador acaba querendo só fazer ele
sumir o mais rápido possível.
Enfim, por conta de
coisas como essas, esse DLC decepciona em vários sentidos, tanto mecanicamente,
quanto na construção de alguns personagens. Entretanto, há um aspecto desse
conteúdo que eu achei muito interessante e que representa algo extremamente bem
realizado, até melhor do que no jogo principal.
A
Matter of Family se passa num parque de diversões que
fica numa plataforma de petróleo. Em grande medida, esse cenário tenta retomar
a clássica HQ A piada mortal, mas com
diversas alterações: como na HQ, o Coringa sequestra o Comissário e o mantém
refém num parque de diversões.
Entretanto, diferente
da HQ, ele não cria nenhum jogo psicológico com o Comissário, e muito menos
tenta criar um trauma específico nele. Na HQ, o comissário é sequestrado logo
após o Coringa acertar um tiro na Barbara Gordon, ou seja, na Batgirl, o que,
se acontecesse no DLC, criaria uma situação impossível, já que o jogador
controla a Batgirl e ela está muito bem de saúde.
Entretanto, enquanto o
DLC despreza aquilo que faz dessa HQ algo realmente especial, que são
justamente as tensões psicológicas entre os personagens principais, ele acaba
expandindo uma história que não recebe quase nenhuma atenção na HQ, e acaba
criando uma narrativa muito legal, e até mesmo digna realmente de fazer parte daquela
HQ.
Enquanto eu estava
sumarizando os elementos, talvez alguém tenha achado estranho quando eu disse
que o DLC se passa num parque de diversões numa plataforma de petróleo. O
grande brilho de A Matter of Family
está justamente na história desse parque.
Logo no começo da
história, a Batgirl e o Robin apenas sumarizam a história dizendo o parque foi
construído por um empresário do ramo do petróleo e que tinha uma filha com
problemas de saúde. Após a morte da filha, o parque foi abandonado como estava.
Entretanto, se o
jogador fizer algumas missões laterais no parque, que são algumas gincanas que
um parque desses normalmente tem, ele ouve gravações feitas pelo empresário que
construiu o parque. Em grande medida, elas são bem parecidas com as mensagens
do Amadeus Arkham, que o jogador pode encontrar em Arkham Asylum, mas com um tom muito mais emocional, que ressalta
alguns jogos psicológicos que são bem adequados ao universo do Batman.
Se você quiser
experimentar essa história em primeira mão sem saber mais nada, pode parar por
aqui. Eu agradeço por você ter visto o vídeo até este ponto, e eu acredito que
eu consegui deixar mais ou menos claro por que esse DLC é decepcionante, mas
também muito promissor no trabalho com os personagens.
Se você não liga para spoilers, vamos discutir a história do
parque. O empresário que construiu o parque tinha uma filha muito doente e ele
a visitava constantemente e recebia conselhos de uma tal doutora Harleen
Quinzel, que (como quem conhece o universo do Batman sabe) é a Arlequina. A
doutora apresenta o empresário a um tal Jack White, que é descrito como alguém
com muito senso de humor, ou seja, é o Coringa.
A partir daí, os dois
começam um processo de influenciar o empresário, para que ele construa um
parque de diversões para a filha, visando combater a depressão do empresário.
Eles oferecem tratamentos estranhos à menina e ela até recupera um pouco da
saúde, mas depois de um tempo ela simplesmente morre.
Após esse golpe
poderoso, em vez de influenciarem o empresário a se recuperar, os dois começam
a indicar o suicídio como única forma de fazer a dor da perda passar. E, como o
empresário via os dois como únicos amigos, ele deixa o parque em nome deles. É
assim que o parque vai parar nas mãos do Coringa, provavelmente da forma como
ele planejou.
Essa é uma história
muito pesada, provavelmente a mais pesada já contada até agora nos jogos da
série, e ilustra muito bem os jogos psicológicos que um personagem como o
Coringa acaba fazendo para conseguir realizar seus planos. É uma história muito
tensa e sombria, que está escondida dentro de uma trama medíocre, que é a
história principal do DLC.
Mas, mesmo escondida
dessa forma, essa história acaba dando todo um novo contexto ao cenário, e
também aos personagens. É uma coisa que foi criada pela Rocksteady e que
acrescenta em termos de construção dos personagens. Sim, é um pouco chato que o
foco seja o Coringa pela milésima vez, mas é preciso reconhecer o excelente
trabalho feito na construção dessa história. Ela me fez lembrar da história do
Amadeus Arkham em Arkham Asylum e até
dos grandes momentos narrativos de Bioshock.
Talvez a saída
encontrada por esse DLC seja um bom caminho para a série: como o jogo tem um
foco para público amplo e, no geral, a DC seja um tanto protecionista demais
com o mundo dos seus heróis, talvez seja algo positivo guardar as grandes histórias
apenas para aqueles que querem procurar por elas, enquanto se mantém uma trama
geral mais simples, para todos aproveitarem.
Se esse caminho vai se
concretizar ou não, é cedo para saber; vamos ver o que os próximos DLCs e jogos
da série oferecerão. De qualquer forma, A
Matter of Family já é um excelente primeiro passo, e uma excelente volta à
qualidade que os outros jogos da série conheceram antes de Arkham Knight.
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