Olá!
Bem-vindo ao canal TheAsaGames! Eu sou o Asa e hoje eu vou trazer mais um vídeo
sobre a série Castlevania, agora
terminando a trilogia da série para o NES. Portanto, o vídeo de hoje é sobre Castlevania 3: Dracula’s Curse, lançado
em 1989 para NES. O mais interessante nesse jogo é como ele representa um meio
termo entre aquilo que existia no primeiro Castlevania
e o que foi tentado em Simon’s Quest.
A
primeira coisa a se notar nesse jogo é que ele é um prequel, ou seja, um jogo que se passa antes dos jogos anteriores.
No caso, Dracula’s Curse conta a
história do primeiro Belmont caçador de vampiros, Trevor Belmont, que viveu 100
anos antes de Simon ter nascido. Ele vive na época em que Dracula reúne todos
os monstros das trevas pela primeira vez e tenta destruir a humanidade. Como
uma última linha de defesa dos humanos, o Trevor vai até o castelo de Dracula
para vencer as criaturas que lá estão reunidas. Tudo isso está no manual do
jogo, cujo link eu deixei na
descrição do vídeo.
A
primeira mudança séria que é possível notar em Dracula’s Curse é a volta ao estilo linear de cenário: você avança,
matando a todos com seu chicote ou com suas armas extras até chegar a um chefe
e, vencendo esse chefe, você recebe um orb que recupera a sua vida e te leva
para a próxima fase. Quem já jogou o primeiro Castlevania sabe que é exatamente assim que ele funciona. Ou seja, Dracula’s Curse é uma sequência também
da jogabilidade do primeiro jogo da franquia, e não apenas uma sequência no nome.
E,
sendo uma sequência que busca voltar ao estilo primeiro da franquia, Castlevania 3 é extremamente bem
realizado: os cenários continuam bem pensados, os inimigos são variados e
interessantes, com seu apelo sombrio de criaturas de terror. E, expandindo o
conceito de desafio, o jogo apresenta cenários ainda mais difíceis e criaturas
mais complicadas, que sobrevivem a uma chicotada simples ou que, após serem
acertadas, se multiplicam e causam ainda mais problemas ao jogador. Nesse
sentido, houve um aprofundamento no desafio e na ideia de que o jogador tem que
pensar com cuidado na hora de agir, contando, claro, com os inimigos que dão respawn, voando pela tela toda, e tendo
que pensar no tempo, que é limitado. Falando em dificuldade, os chefes são mais
fortes e desafiadores do que os de qualquer Castlevania
anterior, e te deixam maluco. Este é o primeiro jogo, por exemplo, em que
Dracula tem 3 formas, sendo que tinha 2 no primeiro e 1 no segundo jogo da
série.
O
jogo ainda adota a perspectiva 2D, com gráficos ótimos e uma trilha sonora das
melhores do NES, aliás, como é a marca dos jogos Castlevania da plataforma. São músicas que sabem te deixar
empolgado em momentos de euforia e com certo receio nos momentos mais tensos.
Bom,
sendo assim, Dracula’s Curse é um
legítimo herdeiro do primeiro Castlevania:
o foco na ação, os cenários lineares, os inimigos com padrões distintos, os
chefes épicos, a sensação épica após passar um nível; tudo isso está lá.
Mas
não é só o primeiro Castlevania que
foi determinante na criação de Dracula’s
Curse. Na minha opinião, a experiência de Simon’s Quest foi extremamente definidora, mas como exemplo
negativo. Qualquer um que tenha visto a minha análise de Castlevania 2, ou mesmo que tenha jogado ele e o primeiro jogo da
franquia, sabe que o segundo título da série foi radicalmente distinto do
primeiro, e tentou uma jogabilidade mais aberta, em que o jogador poderia
explorar. Foi uma tentativa de tornar a série em algo mais complexo e
diferente, oferecendo outros riscos e outras recompensas. Infelizmente, isso
não foi bem construído, porque a forma como as punições eram feitas era
complicada e a ação era muito mais travada e tediosa do que empolgante para o
jogador.
Em
Dracula’s Curse, você tem um meio
termo entre o desejo de manter as raízes da série, que tanto sucesso fez e que
é um dos clássicos dos jogos de 2D de ação, junto com Contra, Mega Man e
outros, e o desejo de expandi-la, de trazer o jogador para ela e fazê-lo sentir
que fez parte definitiva da história, mas não só pelo fato de ter controlado o
Trevor.
Isso
se dá pela introdução de duas mecânicas muito interessantes no jogo. A primeira
é que você pode jogar com outros personagens além do Trevor. Ele continua sendo
seu personagem principal, e você sempre pode usá-lo, mas você provavelmente
encontrará e salvará pessoas pelo caminho que se oferecem para te ajudar na
batalha contra Dracula e, se você apertar select depois de ter salvo alguma
dessas pessoas, você pode controlá-las. O único problema é que, se você salvar duas
numa mesma partida, você tem que escolher com quem vai ficar, porque só há
espaço para um companheiro. Se você aceitar um novo, o antigo vai embora, e não
há forma de escolhê-lo novamente.
Esses
personagens são um ponto incrivelmente forte do jogo, porque cada um deles tem
um padrão de ataque e habilidades únicas que podem fazer toda a diferença na
hora de matar um chefe ou passar de um desafio específico.
O
pirata Grant, por exemplo, tem uma arma de curtíssimo alcance, mas consegue
subir nas paredes, andar de cabeça para baixo e pular numa altura pelo menos
duas vezes maior do que a do Trevor. O mago Sypha é um pouco mais rápido, mas
muito mais fraco do que todos os personagens. O forte dele é atacar de longe
com as magias, que você coleta no cenário também. Por fim, a gente tem também o
Alucard, que será tão importante para a série nos próximos títulos. Ele é filho
do Dracula e sua habilidade especial é se transformar em morcego e escapar de
vários perigos no chão, mas ele também usa projéteis que, apesar de meio
fracos, podem ser disparados em até três direções.
Cada
um desses personagens tem, como eu falei, a sua força e a sua fraqueza, além de
uma história própria, que aparece no manual do jogo e no final dele,
dependendo, é claro, de quem você escolheu para ser parceiro do Trevor na
batalha. Eu não consigo lembrar de nenhum jogo de ação NES que tenha tantos
personagens jogáveis e que dê a eles uma personalidade específica. Se alguém
souber, por favor, coloque aí nos comentários.
Um nome que me ocorre
é Mega Man, mas as variações lá são
só de cor e de habilidade. Em Dracula’s
Curse, além de forças específicas, os personagens têm fraquezas e uma
história. Acaba parecendo até um jogo de RPG, com os personagens variados das parties. Se for essa a referência, então
o time que desenvolveu Castlevania 3
acertou em cheio, porque esse é um elemento muito mais adequado para inserir na
franquia, pois funciona sem problema com o resto das dinâmicas que são a marca
da série.
O jogo continua
sendo de ação, mas agora você tem um nível de customização que dá uma
identidade diferente a quem joga. Cada jogador pode escolher o companheiro do
Trevor e isso faz sentir que a partida que cada um joga é única. Se fosse só
isso, o nível de customização e expansão de Dracula’s
Curse em relação aos jogos da época já seria alto e marcaria a história com
a complexidade de mecânicas que isso possibilita.
Mas você não
determina só quem acompanha o Trevor no jogo. Você determina também a rota do
Trevor até o Dracula. Ao final de algumas fases, você se encontra numa espécie
de encruzilhada e precisa escolher qual caminho seguir. No total, você tem à
disposição 17 fases, um número assustador para a época.
E nenhum desses
estágios é igual, e todos são bem pensados, com características bastante
específicas. Além da variedade imensa de inimigos, cada um deles leva a algum
lugar específico, o que impossibilita passar por todos na mesma partida. Essa é
a forma do jogo aumentar o seu desejo por jogar de novo, conferir novos
cenários, tentar novas estratégias para chegar ao castelo com mais facilidade,
ou dificuldade. A promessa de que todos são igualmente diferentes, divertidos e
inteligentes é que instiga o jogador a tentar de novo, ou seja, o foco está
justamente na diversão e no desafio e cada partida é uma coisa nova. É um jeito
muito inteligente de renovar o jogo e fazê-lo durar.
Se você pensar,
este é um elemento importante que marca presença até hoje, com muitos críticos
e jogadores defendendo jogos que te obrigam a escolhas que você não pode
alterar. Assim, além de uma experiência única, só sua, com um percurso só seu,
você também pode jogar e tentar ver o que mais o jogo reserva para você até
mesmo depois de zerar.
E o que é mais
interessante ainda é que, pelo menos até onde eu consegui, é impossível fazer
um caminho em que você encontre todos os seus parceiros. Então, escolher um
caminho determina quais parceiros você encontrará. Ou seja, esses dois fortes
elementos de customização se articulam nesse jogo, que é tão bem amarrado.
A única crítica
que é preciso fazer a esse jogo tão interessante e inteligente quanto Castlevania 3 é que há uma certa
reciclagem dos chefes do jogo. Até determinado ponto eles são novos e
interessantes, destoando, inclusive dos chefes dos dois primeiros jogos.
Entretanto, conforme você avança, esses mesmos chefes vão se repetindo, com a
diferença de que você às vezes enfrenta mais de um de uma só vez. Eu achei que
poderia haver mais variedade nesse sentido, já que os caminhos e as fases são
únicas, e isso deveria refletir também nos chefes.
Agora, voltando
ao que eu disse no começo do vídeo, o que eu acho mais interessante em Dracula’s Curse é justamente o fato de
que ele conseguiu transformar a fórmula simples e linear do primeiro Castlevania em algo complexo, cheio de
variáveis. Para isso, contribuíram o aumento do número de cenários, os vários
personagens e os caminhos únicos a trilhar.
Isso é muito
legal porque até hoje os desenvolvedores têm uma dificuldade séria em saber o
que fazer com uma sequência de uma franquia de sucesso. É preciso manter
aqueles elementos básicos, que fizeram a diferença na qualidade do título
anterior, mas é importante também trazer coisas novas, que deem a impressão de
que a sequência é um jogo completamente novo e distinto dos anteriores da
série.
E esta é a
sensação com Dracula’s Curse: você
está jogando um Castlevania, e em
nenhum momento você esquece disso, mas, ao mesmo tempo, é um jogo extremamente
distinto dos títulos anteriores. Porém, a atmosfera dos dois jogos anteriores
está lá, os mesmos inimigos, a mesma família Belmont, o mesmo Dracula. E,
claro, estão presentes também o foco na ação que marcou o primeiro Castlevania, e também o desejo de
incluir o jogador na história e no desenvolvimento da jogabilidade, que era uma
parte significativa da base do segundo Castlevania.
Com isso, Dracula’s Curse faz algo
novo, mas não estranho nem a Castlevania
nem a Simon’s Quest.
E era isso que
eu queria dizer sobre Castlevania 3:
Dracula’s Curse: é um jogo de primor técnico e com elementos de
jogabilidade tão complexos que é até estranho vê-los num jogo de quase vinte e
cinco anos atrás. Como um jogo de fim de console, é uma espécie de arremate de
tudo aquilo que havia sido produzido nos Castlevanias
do NES, uma conclusão reunindo aquilo que havia de melhor em ambos os jogos
anteriores, e apontando para aquilo que deveria ser a base de todos os Castlevania: expandir o mundo do jogo e
incluir as decisões do jogador ao máximo, mas sem abrir mão da ação que está na
base da franquia.
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